O Patinho Amarelo

Desde que o homem se formou em sociedade, nasceu a necessidade crescente da liderança, devido ao fato de o homem, uma vez que trabalha de uma forma conjunta, não podia tomar decisões por si só sem abalar o contexto na qual estava envolvido. Inicialmente, no período paleolítico e neolítico da historia humana, esse “Líder“ era escolhido de forma natural, o ser mais forte do bando, aquele que tinha mais capacidade de proteger os demais, caso alguma grande problemática aparecesse. Com a entrada da idade dos metais, e o descobrimento da metalurgia , o conhecimento veio cada vez mais ganhando importância no desenvolvimento da raça humana em detrimento da força física. A partir deste momento de valorização do conhecimento, os novos Líderes, além dos critérios hereditários, eram escolhidos por sua sabedoria, pela sua dialética, pelo poder pensante aliado a forma diplomática no qual passava essas informações.

A história nos presenteou com muitos grandes Líderes, e estes, marcaram a periodização humana por onde passaram, deixaram marcas históricas irreversíveis, guiando o futuro das sociedades. Entre esses grandes líderes, dois deles se tornaram muito semelhantes, apesar de quê, a humanidade supervalorizou um, e denotou a outro apenas uma condição falha de esquecimento. Vamos conhecer essas duas imagens e exaltar as suas semelhanças e coincidências.

O primeiro dos dois é um velho conhecido, um nazareno que foi considerado tão importante que dividiu o tempo da humanidade em uma bipolaridade pré-Ele, pós-Ele. Uma personalidade que é venerada e ostentada por um forte simbolismo (a Cruz) ao redor de todo mundo. Sim, Jesus Cristo. Com seus 30 anos, considerado um enviado de Deus, um Messias que moveu multidões que acreditavam em suas idéias de libertação e paz no mundo, um inovador que desafiou a mais alta classe hierárquica da época, ameaçando de forma considerável o domínio romano antigo, onde por fim foi julgado pelo procurador da província romana de Judéia, Pôncio Pilatos. Foi traído pelo mesmo povo que o seguia. Suas idéias se espalharam mesmo depois de morto e 325 anos depois, no Conselho de Nicéia, em Roma, no período do rei Constantino, foi decidido em reunião sobre qual religião deveria ser a predominante em Roma, que esta seria o Catolicismo e que a partir daquele momento Jesus era verdadeiramente Deus, deixando de ser apenas homem, como dizia a historia. E hoje, o cristianismo é a maior religião do mundo com 2,1 bilhões de adeptos (aproximadamente 1 terço da população mundial).

Do outro lado temos Joanna D’ark, que liderou a vitória da França na Guerra dos 100 anos contra a Inglaterra, 1337 anos depois de Cristo. Antes da tomada de eventos que fez com que ela recuperasse a maioria dos territórios franceses que estava dominados pela Inglaterra, ela disse ter ouvido Deus falar a ela: “Joanna, você é a escolhida para salvar a França, Lute!”. E assim se foi. Joanna, em nome de Deus, lutou ao lado de milhares de camponeses, que acreditavam que ela era uma santa, arrastando multidões por onde passava. O governo Inglês e Francês, vendo que a guerra era prejudicial para ambas as partes, assinaram um acordo para parar a guerra, quando faltavam apenas 2 cidades para que Joanna devolvesse tudo que pertencia a França para ela mesma. Como o povo estava do lado de Joanna e queria lutar, o único jeito de parar a guerra, decidiram os Reis, era que se difamasse a imagem de Joanna. Ela foi tida como Bruxa, após ser capturada pelos ingleses, quando eles jogaram artigos de bruxaria dentro de sua cela e foi ludibriada a assinar um contrato onde ela confirmava que tinha tendências demoníacas. Joanna foi queimada na fogueira pelo povo que a seguia e pela igreja. Curiosamente, em tempo posterior foi considerada santa pela própria igreja que à queimou.

Então, o que temos aqui? Duas figuras que disseram ser enviadas por Deus, que arrastaram multidões em torno de suas idéias, que foram mortas pelos próprios seguidores e pela própria igreja e que no fim foram considerados santos pelos próprios assassinos. D’ark e Cristo, constituíram o mesmo estilo de líder, com atitudes semelhantes, e fim, igualmente, trágico. Então, porque Cristo ganhou tanta fama, se ele tem uma história tão semelhante à de Joanna?

A resposta está no pioneirismo. Jesus estava 1337 anos na frente de Joanna. Ele tomou todas as atitudes que havia tomado em uma época muito mais cedo que sua “semelhante” da idade média. Morreu como herói, mas morreu como o PRIMEIRO herói.

Quando se está analisando uma idéia, não existe apenas o peso de quão boa ela é, mas também a sua inovação e a carga de revolução que nela está contida. Ter uma boa idéia que já foi feita, mesmo que sendo plagio ou não, jamais terá o impacto que teve no dia em que nasceu de fato. Logo, quando você segue as atitudes de vencedores, você vence, mas não marca. Vence, mas não revoluciona. Vence, mas não vai ser lembrado. Lembre-se de que, quando você resolver vencer na vida, vença inovando, vença com a revolução, vença como os grandes marcos da história venceram.

Thyagu.

Esse artigo foi publicado em 13 agosto, 2007 às 14:06. Você pode seguir até o fim e deixar um comentário.