Fábulas Fábulosas para Adultos II - Parte Final.
-Quinze mil reais com casa, comida e roupa lavada!
Neste momento um homem de terno preto e chapéu com abas largas saiu da fila e se aproximou da moça. Trazia consigo um talão de cheques e um cartão com seu nome e endereço:
-Essa é a oferta final eu imagino, por favor, senhorita, preciso deste emprego.
-Mas com tanto dinheiro o senhor não precisa de emprego algum - disse ela, pasma e verdadeiramente tentada a aceitar.
-Pois é senhorita, é difícil ser formado em direito esses dias. Essas são todas as economias que juntei durante a faculdade, mas como não passei na OAB, fico assim, necessitando de uns bicos.
-Entendo...
Belíssima Dona: Última Parte.
Olhou para o céu, pobre menina, havia em seu olhar a esperança de que o sinal divino fosse aceitar o dinheiro da mão de um pré-advogado, mas não, o sinal era ficar e esperar. Esperar o quê? Receberia trezentos e oitenta reais por mês, teria que trabalhar quase quatro anos para ganhar quinze mil. Se aceitasse o dinheiro deste homem estranho, ainda ganharia uma casa. Era muito tentador para ela, sofrera demais na vida para seguir todos os sinais possíveis e descarados que recebia. Seguira muitos e muitos desses sinais levaram-na para onde estava hoje, ao fundo do poço.
-Aceito.
O homem ficou feliz, abraçou-a e prometeu que mais tarde pagaria um café, e obviamente, tudo que prometera. Então...
Horas depois, rica e feliz, viu Dagoberto, o pré-advogado, sair contente do prédio onde acontecia as entrevistas de emprego. Para sua surpresa era necessário curso superior e ele era um dos pouquíssimos com um currículo apto ao preenchimento do cargo:
-Precisa-se de curso superior para ser faxineiro? Que loucura - disse pasma Anne enquanto tomava café com Dagoberto em uma lanchonete de esquina.
-Cidade grande hoje em dia é assim mesmo, sem pé nem cabeça, não seria diferente aqui em Galileulândia – respondeu irônico o homem.
-Se eu tivesse ficado e esperado mais – continuou profética, a realizada mocinha - provavelmente, eu estava nas ruas morrendo de fome e louca por tirar minha vida - sorriu para o seu salvador.
-Mas se tivesse esperado menos, não me daria à graça de tomar um café com uma moça tão interessante.
Depois de três anos, os dois se casaram. Dagoberto fez um cursinho e finalmente passou na OAB, virou um advogado excelente, trabalhando duro para defender os maiores bandidos da cidade; os políticos, logicamente. Anne virou uma boa dona-de-casa e morreu quinze anos depois, com câncer de pele. No leito de morte proferiu aos seus dois filhos o seu último ensinamento, derivado de uma história de vida de luta, sofrimento e coragem:
-Nunca fiquem parados muito tempo no sol quente, a não ser por dinheiro.
O final ficou excelente e o desenvolvimento da historia melhor ainda, parabéns...
11:36 AM
hahahahaha muito muito bom...
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