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O Patinho Amarelo

Pernóstico, Sádico e Sarcástico

Nada de Marchas com Champagne...

28 outubro, 2007
Pra quem ainda não sabe, a reitoria da UFPE foi ocupada por cerca de 200 estudantes para barrar o REUNI. Lá estavam presentes eu (Wasvuden), Fikaporay e Crick, que permanecemos lá até a tarde do sábado, e voltaremos na segunda pela manhã. Este texto que segue abaixo foi adaptado da carta construída pelo movimento de ocupação para explicar o que aconteceu desde a sexta-feira, primeiro dia de ocupação:

"Vinte e seis de outubro, dois dias após a marcha para Brasĩlia, não por acaso, foi convocada a assembléia dos conselheiros da UFPE para a votação do decreto lei do REUNI. Sob a total ausência de debate e comunicação entre o alunado e a reitoria, esse decreto se configurou qual corpo estranho a massa dos alunos que durante as manifestações das entidades estudantis no próprio dia de aprovação do decreto se perguntavam antônitos: qual o motivo de tamanho alvoroço?
Desdobraram-se assim, os cabeças da reitoria para que na surdina do desconhecimento estudantil e do esvaziamento dos movimentos sindicais se delibera-se o decreto às 11 horas da já citada sexta-feira. Por terra caíram seus anseios de passar o decreto sob absoluta tranquilidade, as várias tendências do movimento estudantil se uniram sob o objetivo comum de refrear essa reforma afilhada do banco mundial e mobilizaram cerca de 200 alunos, que munidos uns de alfaias outros de apitos, envolveram-se em uníssono as palavras de ordem e formaram em um só corpo piquetes na entrada do teatro onde foi votado o reuni. O conselho deu-se de forma tão absurda quanto o processo que o gerou e que levou até ele, pois tendo este 70 componentes, o quórum devia contar com a presença de 30 deles para a legitimação da assembléia. Apenas 23 compareceram, adentrando no teatro por um entrada secreta para despistar os estudantes que concentravam-se na entrada principal. Sob astutas tramóias burocráticas pouco ou nada convincentes, a assembléia deu continuidade ao procedimento de votação onde 20 conselheiros votaram a favor do decreto, 2 contra e um absteve-se. Os estudantes que desde o início foram excluídos do processo de adoção do REUNI, se viram sob a opção unilateral de forjar elos democráticos dificultando a utilização física da reitoria para seus fins comuns sob a forma de ocupação, fazendo do hall da instituição auditório e dos corredores dormitórios. Depois da adoção do estado de ocupação, o trânsito de estudantes tornou-se mais intenso e ocorreram diversas discussões e assembléias estudantis acerca da ocupação e das diretrizes do movimento, onde foi definida a permanência até o momento em que os estudantes tivessem assegurada a sua participação no processo de discussão das diretrizes político-deliberativas da universidade, como é o caso do REUNI.
Às 22 horas do corrido dia, o movimento de ocupação foi comunicado por uma oficial de justiça sobre o pedido de reintegração de posse por parte da reitoria até as 12 horas do dia vindouro, ameaçando, caso descomprimento do prazo, atuação do batalhão de choque e uso de força física.
Fronte tal conjutura, o movimento conseguiu entrar em comunicação com o reitor Amaro Lins e marcar assembléia na própria reitoria às 9 horas, três antes do prazo a ser expirado, aonde negociará a permanência sob o esteio das reinvindicações do movimento.
Sob essa ameaça real de embate com a tropa de choque é necessário que todos os indivíduos que se preocupem com os rumos da educação publica do Brasil estejam presentes e dispostos à luta na reitoria pela manhã, para engrossar a massa dos que não se curvam à forçada privatização do ensino público"

No sábado a tarde, o reitor Amaro Lins deu o ar de sua graça, querendo que marcássemos uma reunião para esta semana que vem, com poucas pessoas, a fim de esclarecer tudo. Decidimos em assembléia anterior que a conversa seria feita de forma horizontal, com todos e todas que ali se encontravam. O reitor marcou um outro Conselho Universitário para segunda pela manhã (29/10), para reafirmar a decisão tomada. E marcou nossa desocupação para domingo, hoje, porém iremos resistir! O mais absurdo de tudo, que seria a reintegração marcada para o meio-dia de sábado, conseguimos evitar através do apoio da Acessoria jurídica da ADUFEPE (sindicato de docentes da UFPE). Mais informações pelo blog: ocupaufpe.blogspot.com ou no site midiaindependente.org. Nos sites do Jornal do Commercio, na TV Jornal, TV Tribuna, e outros aparelhos midiáticos mais famoso, você encontra as deturpações da história toda... E não, a Globo, não apareceu, queria que passássemos tudo por telefone!!

Ah, o título dessa postagem, pra quem não entendeu, quer dizer que o movimento de ocupações não é uma marcha bonitinha em que todos(as) voltam pra casa e dormem tranquilos(as) com a barriga cheia de champagne e caviar... é um ato de desobediência civil, pois ela é legítima, que busca não só bater o pé e ir conta algo de que não gostamos. Que acima de tudo, quer garantir que toda a comunidade beneficiada pela UFPE possa saber o que acontece dentro dos gabinetes, para que a educação brasileira continue PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE, e para todos e todas! E isso se reflete, muito bem, no fato de que 14 universidades federais estarem ocupadas por estudantes, professores e servidores no Brasil todo: ufpe, ufba, ufpa, uff, ufc, ufrj, ufrrj, ufpr, unifesp, fsa, ufsc, ufscar, unir e unirio. Se você é de uma dessas universidades, participe!!! E se quiser saber mais sobre o REUNI e a Reforma Universitária, entre em: http://www.comunicacao.ufscar.br/reuni/apresentacaoreuni.pdf ; http://www.cefet-rj.br/comunicacao/noticia/2007-06-14-reuni.htm, e procure no Google que aparece um monte de notícias! E pra arrepiar quem for de arrepio... aqui um videozinho do protesto contra o Conselho Universitário que aconteceu com um golpe do reitor!






J. K. Wasvuden e Galileu Fikaporay

O Seguro Pós-Morte.

23 outubro, 2007

Foi-se a época na qual colocávamos a segurança do corpo do nosso ente querido aos cuidados do coveiro e do jardineiro de cemitério. Na realidade, acredita-se que esteja se passando a época em que a "passagem" é eterna.
Cientistas, políticos e intelectuais meia boca começam a acreditar na ressurreição cientifica como possibilidade, para os próximos séculos ou para os mais entusiasmados, décadas. Não menos entusiasmadas são as companhias que começam a trabalhar em cima deste processo imaginário para faturar uma grana preta com todos os otários cheios da grana que pretendem reverter o "ciclo da vida"(Mufasa, 1994), para poder consumir eternamente. A criologia patrocinada por algum bilionário ou vários milionários iniciaram a poucos anos um processo de "seguro de morte" onde as pessoas, pagando uma taxa de U$100 por mês pode, no momento da morte, usufruir dos benefícios de ser congelado em nitrogênio, de cabeça para baixo, e, contando com a ajuda das próximas gerações de sua família, ser revivido após, no máximo, 300 anos.
O que é mais empolgante é a capacidade de se acreditar nisto a ponto de gastar U$150.000 com um sonho de vencer a morte. 60 corpos já estão congelados esperando por sua vez, e mais de 3.000 já estão segurados e no momento em que bater as botas à empresa responsável (a seguradora) se responsabiliza pelo transporte e etc. Todos eles, claro, cientistas, visionários (ricos), acionistas de grandes corporações. Acredito até que algum Bush já esteja pronto para assumir a presidência dos Estados Unidos daqui a alguns séculos. Difícil é acreditar que algum tataraneto vai continuar pagando para um parente distante um dia voltar a vida.
Mais fascinante do que o caráter transcendental da ciência destes "homens bicentenários" é a presunção de se sentir útil em uma sociedade 300 anos a frente. O que entendemos dos intelectuais e cientistas do Século XVIII? Como vemos a população daquela época? Seria como querer ressuscitar pessoas como Auguste Comte ou pior, um pouco mais recentemente, querer trazer de volta pessoas como o Barão de Mauá e Gobineau e seu racismo cientifico ou até celebridades do absolutismo; monarcas conservadores e papas inquisidores. Certo que alguns teóricos do século XVIII tiveram muita importância, mas, o atraso de suas concepções de mundo é clara hoje em dia. As coisas mudam e o passado é só a forma dos waffles (Marvin. 1956).
Óbvio, é possível acreditar que grandes escritores, pintores, intelectuais, filósofos e cientistas da atualidade sirvam de base para uma futura civilização, 100, 200, 300 anos à frente, mas sua futura ressurreição só despertaria o fascínio dos futuros humanos em relação ao peculiar e atrasado jeito de ser dos humanos do passado; seu estranho método cientifico, sua lógica incorreta, sua falta de compreensão dos fenômenos físicos e do universo, sua falta de compreensão de si mesmo. Um político americano ressuscita e procura se comunicar, mas, que estranho, todos falam sânscrito moderno, na verdade, há dois séculos os Estados Unidos se desuniram para a formação de vários pequenos países fundamentalistas cristãos. Um cientista holandês ressuscitado procura seu país no mapa, mas só vê oceano. Um acionista da GM procura sobreviver no futuro, mas não vê capital especulativo, mercado de consumo, nem pessoas para explorar - só não morre de fome porque as pessoas pretendem fazer experimentos científicos sobre a composição orgânica de um carnívoro. O acionista apenas encontra uma sociedade econômica moldada em uma lógica totalmente diferente, muito mais complexa e mais estratificada.
Não posso negar qualquer curiosidade em relação ao futuro. Gostaria de saber todas as mudanças das sociedades, das guerras, das artes, do amor, da liberdade, da filosofia. Só não posso garantir que entendesse alguma coisa, depois de dormir 300 anos e perder toda a contextualização histórica. O que aconteceu com o Brasil na história?
Essa lucrativa empresa funerária é uma forma criativa e nova de enrolar pessoas ricas, partindo do medo da morte e do medo de todos os riscos de um período de incertezas e desordens. O ser humano criou um mecanismo totalmente novo de seguridade social, o seguro pós-morte. Outros criaram um ótimo sistema de adquirir dinheiro fácil, por pouco tempo, claro, pois ninguém vive para sempre não é?



Por Galileu Fikaporay.

Dancem Macacos! Dancem!

14 outubro, 2007
Uma abordagem divertida trazendo a realidade do pensamento humano



This is Evolution Baby



Hellsing D. Marccus