CRÔNICA IDEOLÓGICA ou A BOLA DE PAPEL CAINDO NO CHÃO E A MULHER QUE ACOMPANHOU TUDO DE PERTO
De repente, eu era uma bola de papel, não dessas pequenas, como embalagem de chocolate, nem mesmo panfleto de alguma loja. Uma bola realmente grande. Pressionada de um lado ao outro pelo senhor que, com uma de suas mãos me apertava, e a outra apoiada na janela do carro, discutia sobre o trânsito infernal das 3 da tarde. Sem nem notar, veio a hora do vôo, preparei-me, mas antes de tomar o fôlego, parei no chão, naquele asfalto quente. Vi o primeiro par de pés passarem por mim, pensei que, já que o vôo não funcionara, dispararia como um foguete rumo ao infinito. Nada, ele desviou. Um vendedor de bolo de goma, outra esperança. Olhou-me, fitou o sujeito que havia me deixado ali, reclamou da vida algo do tipo: como pode eu aqui torrando no sol e ele nesse carrão. Era agora, vi seu pé tomando distância e lá fui eu... para debaixo do carro. Pus-me a chorar, era escuro e não havia esperanças de sair dali. Daí roncam motores, sinto algo me puxando, e vai me puxando, me puxando, me dando aquela maravilhosa sensação do asfalto quente contra alguns segundos de ar fresco. Ah, como a liberdade é sensacional!
Puta que pariu! Não acredito que esse idiota jogou essa bolona de papel no chão! Imundo! Se o meu carro alinhar com o dele vou xinga-lo, não vou agüentar! Sortudo, to muito longe. Lá vem um cara vendendo frutas, pela cara dele, vai apanhar o papel e, no mínimo, jogar no lixeiro mais próximo. Com muito otimismo, vai dar uma lição de moral e ecologia ao estúpido do Vectra. Que nada, parou, olhou, viu que não ia conseguir nada e foi embora, desviando da imensa bola de papel. Deve ter uns 20 papéis amassados ali. Ai que vontade de descer do carro e pegar aquele lixo. Não, o sinal vai abrir já, já. Melhor ficar quieta. Outro vendedor, ixi, esse de jeito nenhum vai fazer alguma coisa... Mas que filho da puta! Chutou a bola pra debaixo do carro! É companheiro, esconder a sujeira e as coisas feias da vida é muito fácil... Dá pra pelo menos uma vez na vida você não ter uma resposta pra tudo ou tentar analisar as coisas? Ta, ta, o sinal abriu. Putz, que trânsito desgraçado, vou me atrasar. (Muitos risos) A bola de papel grudou no pneu do carro do nojento, se ferrou! Que prazer cruel, pára com isso! Ah, que nada, só sei que vai dar um trabalhão pra ele tirar aquela bola misturada a tudo que se acha na rua do pneu novinho dele! Ah, o que se faz com essas pessoas hein?
J. K. Wasvuden
Puta que pariu! Não acredito que esse idiota jogou essa bolona de papel no chão! Imundo! Se o meu carro alinhar com o dele vou xinga-lo, não vou agüentar! Sortudo, to muito longe. Lá vem um cara vendendo frutas, pela cara dele, vai apanhar o papel e, no mínimo, jogar no lixeiro mais próximo. Com muito otimismo, vai dar uma lição de moral e ecologia ao estúpido do Vectra. Que nada, parou, olhou, viu que não ia conseguir nada e foi embora, desviando da imensa bola de papel. Deve ter uns 20 papéis amassados ali. Ai que vontade de descer do carro e pegar aquele lixo. Não, o sinal vai abrir já, já. Melhor ficar quieta. Outro vendedor, ixi, esse de jeito nenhum vai fazer alguma coisa... Mas que filho da puta! Chutou a bola pra debaixo do carro! É companheiro, esconder a sujeira e as coisas feias da vida é muito fácil... Dá pra pelo menos uma vez na vida você não ter uma resposta pra tudo ou tentar analisar as coisas? Ta, ta, o sinal abriu. Putz, que trânsito desgraçado, vou me atrasar. (Muitos risos) A bola de papel grudou no pneu do carro do nojento, se ferrou! Que prazer cruel, pára com isso! Ah, que nada, só sei que vai dar um trabalhão pra ele tirar aquela bola misturada a tudo que se acha na rua do pneu novinho dele! Ah, o que se faz com essas pessoas hein?
J. K. Wasvuden
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Muito bom mesmo!!!
7:03 PM
sem comentários
1:56 PM
E o patinho volta a vida... o ócio tbm respirou em breve passearei por estas paragens !!! hehehe
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