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O Patinho Amarelo

Pernóstico, Sádico e Sarcástico

Deveria eu, talvez, escrever um grande texto. Mas isso não faz diferença, existem muitas formas de escrever.

O que interessa é que ontem a noite, passando uma hora presa dentro de um ônibus, a caminho de minha querida aula de francês, percorri milhões das ruas mais burguesas da cidade do Recife.

Por serem as dos prédios novos, das lojas caras e das mansões recifenses, espera-se ver os casarões coloniais e carros importados, oui, tudo isso estava lá, mas, os problemas do mundo também estavam lá.

Parando num sinal de transito, numa avenida, de um dos mais ‘nobres’ bairros da cidade, uma família estava sentada no chão. Sim, na calçada. Uma mulher, suja e mal vestida, e três crianças.

A visão daquela família apagou os bares da moda, as lojas caras e os carros importados. Eles eram, para mim, mais importantes do que tudo o que estava naquela rua.

Obviamente me senti inútil. O que eu fazia para aquela família não precisar mais sentar ali no chão? E provavelmente, não precisar dormir mais ali?

Sem resposta!

No outro dia, já de manhã, novamente num ônibus, indo para a universidade, pensei que sim, eu fazia alguma coisa.

Existem muitas formas de transformar o mundo.

Se eu não começo abraçando muitos, como aquela família e muitas outras que existem em igual necessidade, eu escuto um por vez. Alguns revolucionam do todo para as partes, outros da parte para o todo.

Sim, há muitas formas de transformar o mundo.

PS.: Este é um pequeno ato de catarse.

Srta. O. Q. Crick

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10:27 PM

O pior é que tem gente que, se contarmos este fato e esta pessoa passar por este bairro - não vai acreditar - pois nem percebe a presença destas pessoas....    



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