Marriage.
20 janeiro, 2008O que acontece no dia do casamento é que jamais imaginamos que um dia iremos odiar nossos cônjugues, que iremos nos arrepender de ter trocado alianças e fluidos corporais. E nunca pensamos na possibilidade de depressão, desespero, a sensação do fim da vida e que um dia vamos bater num filho choroso, apesar de dizermos que jamais bateremos em uma criança. E claro que também não imaginamos que teremos casos, e que se esse ponto chegar, a sensação de azia mental que dá ao acordarmos com o marido ou esposa que enganamos do nosso lado possa existir. Se pensássemos em tudo isso jamais nos casaríamos; O impulso de se casar seria como o impulso de tomar alvejante, olhariamos o rótulo e diríamos a si mesmos: “o que estou pensando?”, colocaríamos de volta na gaveta e pegaríamos uma garrafa de coca. E é por isso que não pensamos nisso, porque casar chega a ser algo extremamente óbvio e essencial, que nós simplesmente incluímos na agenda. É algo que sabemos que um dia vai acontecer - e que se nos for tirado só sobrarão as promoções profissionais e possíveis prêmios lotéricos, que não bastam. Assim, nos enganamos tranquilamente, acreditamos piamente que podemos estabelecer esses relacionamentos, e vivemos com alguém que é quase o que queríamos de uma forma parecida com o que desejávamos, porque é certo e porque nascemos numa família quase assim. Depois crescemos na vida, tomamos Prozac, nos separamos e vivemos com o dinheiro que juntávamos quando éramos casados e ficamos sós. O que é a diferença básica entre viver acompanhado e solidão, um é plural e o outro é bastante singular.
Thyagu.